Um menino de 11 anos, contou à mãe, que havia sido abusado sexualmente por duas outras pessoas em um acampamento em que estava participando desde o dia 12 em Sinop. Um dos denunciados, com as iniciais G.V, tem 20 anos e teve a prisão preventiva decretada hoje (16). O outro denunciado, de 13 anos, está sob os cuidados do conselho tutelar.
O fato aconteceu na noite da sexta-feira (14), e a mãe, que também estava no acampamento por ocupar o cargo de conselheira de uma das unidades do grupo, foi quem fez a denúncia. O filho contou o que tinha acontecido, e com medo de revelar quem eram os supostos agressores contou que estava sentindo dor nas partes íntimas. Pouco antes do amanhecer de sábado, mãe e filho se retiraram do acampamento e ligaram para a Polícia Militar.
Ambos foram ao hospital, onde um médico contou que havia identificado sinais de lacerações. Em conversa com os policiais, o menino de 11 anos identificou os rapazes. Ambos, o de 20 e o de 13 anos, foram encontrados ainda no acampamento.
O maior de idade, G.V, foi detido, e após analisar os fatos, o juiz entendeu que as informações continham fortes indícios de crime de estupro de vulnerável.
“A necessidade da prisão na hipótese se justifica, na medida em que os fatos imputados ao flagrado são de suma gravidade, envolvendo menor portador de doença, o que recomenda o encarceramento provisório do mesmo”, determinou o juiz.
O menor de idade, que também teria participado da agressão, continua sob os cuidados do conselho tutelar.
O acampamento em questão, era um evento organizado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, que em nota, disse não compactuar com tais atitudes, e afirmou que ao saber do fato, prontamente deu amparo ao menor e a família. Confira a nota oficial enviada pela Igreja para O Diário:
Para cada caso denunciado existem cinco casos não notificados
A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, registrou um total de 7.447 denúncias de estupro no Brasil nos cinco primeiros meses de 2022. Das vítimas, 5.881 são crianças ou adolescentes — quase 79% das denúncias. Comparado ao mesmo período do ano passado, os casos de estupro envolvendo grupo vulnerável aumentaram 76%.
Entretanto, infelizmente acredita-se que o número de casos é na verdade bem maior, visto que muitas vítimas não denunciam ou contam o fato para ninguém.
De acordo com Leila Sarubbi do CMDCA, informações recentes apontam que para cada caso denunciado existem cinco casos não notificados. Ela indica que “existe um preconceito e um certo receio em relação a denúncia de casos de violência sexual”.
A psicóloga Ceres Mota Duarte, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e Delegada Estadual da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, pontua que a visibilidade dos casos é essencial para mostrar ao abusador que algo pode ser feito contra ele e, principalmente, mostrar às crianças e aos adolescentes que estão protegidos e de nada têm culpa.
Para receber atualizações sobre este e outros casos, clique aqui e faça parte do grupo do Diário.
Por Patrícia Custódio