Bolsonaro não reconhece decreto de calamidade e MT fica sem repasse do FEX

Medida era uma estratégia para que o Governo Federal liberasse o recurso para aliviar o déficit financeiro nas contas do Estado
O Governo Federal não reconheceu o decreto de calamidade financeira de Mato Grosso, aprovado em janeiro deste ano pela Assembleia Legislativa.
A aposta do governador Mauro Mendes (DEM) e do Secretário de Fazenda, Rogério Gallo, era que o mecanismo pudesse liberar, de maneira mais prática, os R$ 400 milhões do Auxílio Financeiro de Fomento às Exportações (FEX), que o Governo Federal deixou de repassar ao Estado em 2018.
No entendimento de Gallo, com o decreto de calamidade financeira, o Governo Federal teria a possibilidade de abrir o crédito extraordinário para que o Ministério da Economia pudesse fazer a transferência de valores.
Na própria lei, em seu artigo segundo, o Governo do Estado justificou que o decreto “prevê que a administração estadual buscará liberação de crédito extraordinário junto à União”.
Mas a Secretaria do Tesouro Nacional, por meio de nota, afirma que a medida não tem validade jurídica para o Governo Federal e que o decreto, além de não facilitar a liberação de crédito, “não abre aos governadores a possibilidade de parcelar ou atrasar dívidas, nem suspender gastos, nem descumprir os limites da lei”.
O Tesouro ressaltou ainda que a legislação federal reconhece apenas o “decreto de calamidade pública” e que não seu bojo não há nenhum tópico de ordem econômica, sendo que a medida só é avalizada pelo Governo Federal em casos de situação anormal, como desastres naturais que resultem em danos e prejuízos substanciais que “limita a capacidade de resposta do poder público do ente atingido”.
Além de Mato Grosso, mais seis estados brasileiros decretaram calamidade financeira. Nenhum deles foi reconhecido pela União.
Crise
Ao promulgar o decreto, o governador Mauro Mendes alegou que o Estado passa por uma grande crise financeira. Nesse sentido, destaca que as despesas com pessoal foram as que mais evoluíram nos últimos 14 anos. Entre 2003 e 2017, o Estado viu os gastos com folha salarial saltarem de R$ 1,6 bilhão para R$ 11,7 bilhões, o que representa aumento de 695%.
O Estado também acumula um déficit financeiro, entre dívidas e restos a pagar aos fornecedores, no valor de R$ 3,9 bilhões.
fonte:reportermt